O caso Infarmed está muito
mal explicadinho. Neste país ainda há quem pense que basta querer para que as
coisas aconteçam, principalmente, se for a pedido de um bairrista que se julga
acima de quase todos. Não tenho nada contra a deslocação de serviços, mas o
caso Infarmed parece-me uma decisão atabalhoada, mal gerida politicamente e, pior
do que tudo, cheira a “negócio”. O pressuposto de que fazia parte do pacote,
caso a candidatura `Agência Europeia do Medicamento fosse para o Porto,
gorou-se com a vitória de Amesterdão. O pressuposto não faz mais sentido e é
preciso repensar tudo, começar de novo. A deslocação de serviços não pode ser a
pedido, tipo discos pedidos.
Mas as instituições são feitas
de pessoas de carne e osso, com famílias e vidas organizadas. O Irfarmed tem
quase 400 trabalhadores, estes têm responsabilidades em função do seu posto de
trabalho, têm filhos e escolas, amigos, uma rede construída ao longo dos anos.
Alguém pensou nisto? Acho que não. E, por isso, este ovo estrelado ainda vai
saltar para queimar as mãos de quem tomou a decisão. Por mim, acho que o
António Costa não pode meter a cabeça na areia e argumentar com os pressupostos
ultrapassados. Neste país quando não se tem problemas inventam-se. Assinarei
qualquer manifesto contra esta decisão.
António Vilhena