quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Dia de Portugal: o trágico e o preconceito.

                                                                                                                                                               Foto: Vitor Oliveira
A polémica com a escolha de João Miguel Tavares para presidir às comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, natural de Portalegre, parece-me excessiva. Eu sei que somos o que escrevemos e o que pensamentos. Às vezes, irrita-me lê-lo, mas não me choca que o JMT seja o escolhido. Chocam-me alguns argumentos, que tenho lido, de algumas pessoas que considero. Não o conheço pessoalmente, nunca falámos. Temos em comum sermos do Alentejo e gostarmos muito daquela região.

As opiniões mais pertinentes surgiram, exatamente, de alguma comunicação social, onde o JMT ganha a vida. A minha amiga jornalista Leonete Botelho foi escolhida esta semana para presidir à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e a opinião foi quase unânime. Não é por JMT ser jornalista que é criticado, é pelo seu posicionamento político – nos antípodas de mim. Aqueles que o criticam por aparecer em certos programas de humor, parece que o humor ainda é um preconceito, esquecessem-se que Pedro Mexia também foi escolhido para assessor, por Marcelo Rebelo de Sousa, e não vi animosidade. Se a escolha tivesse recaído em Ricardo Araújo será que havia tanto barulho?

O 10 de Junho, Dia de Portugal, é de todos os portugueses, é o dia da morte de Camões em 1580, o dia da Língua Portuguesa, e o facto de ser um jornalista a presidir, que pensa e escreve diferente de mim, mas é um democrata, não me repugna. Creio que Portalegre ficou orgulhosa com a escolha de um filho da terra. E talvez ouçamos o poema “Balada de Portalegre” de José Régio: (…) E era então que sucedia // Que em Portalegre, cidade // Do Alto Alentejo, cercada // De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros // Aos pés lá da casa velha // Cheia dos maus e bons cheiros // Das casa que têm história, // Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória // De antigas gentes e traças, // Cheia de sol nas vidraças // E de escuro nos recantos, // Cheia de medo e sossego, // De silêncios e de espantos, // - A minha acácia crescia.
António Vilhena

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