terça-feira, 22 de janeiro de 2019

CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS: CRIME SILENCIOSO.


Quando nos lembramos das famílias que durante a crise perderam as casas porque não conseguiam pagar as mensalidades; quando nos lembramos das famílias que viram os seus bens penhorados por não conseguirem pagar aos bancos – alguns apenas alguns euros; quando nos lembramos do banqueiro que disse para aguentarmos; quando nos lembramos dos despejos e os agentes judiciais a entrarem nas casas com um séquito de polícias para garantirem que se cumpria a lei, ficamos revoltados e não há bom senso que nos faça calar perante o conhecimento da lista de devedores à Caixa Geral de Depósitos.

Eu sei que as grandes empresas só movimentam milhões, mas também sei que quando se pede tostões a um banco eles só emprestam com garantias que ultrapassam em muito o que se lhe pede. No caso da Caixa são muitos milhões que não precisaram de garantias. E onde fica a responsabilidade do Banco de Portugal? Há uma cumplicidade sistémica onde o silêncio de uns alimenta o silêncio de outros.

O que incomoda é que sejam sempre os mesmos a calarem-se, e a serem tolerante; que haja uma cultura de impunidade que permeia os incumpridores crónicos. Fazem-nos acreditar que são geniais, bons gestores, defensores da coisa pública e merecedores de recompensas. Este é o exemplo que deve indignar os que não temem dizer as verdades.

Se há Justiça em Portugal, se somos uma República, se queremos combater a irresponsabilidade e o crime organizado tem que haver responsabilidade. Agora percebemos melhor por que razão Portugal bateu no fundo e todos pagamos para alimentar estes parasitas crónicos. 


António Vilhena

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