Quando
nos lembramos das famílias que durante a crise perderam as casas porque não
conseguiam pagar as mensalidades; quando nos lembramos das famílias que viram
os seus bens penhorados por não conseguirem pagar aos bancos – alguns apenas
alguns euros; quando nos lembramos do banqueiro que disse para aguentarmos;
quando nos lembramos dos despejos e os agentes judiciais a entrarem nas casas
com um séquito de polícias para garantirem que se cumpria a lei, ficamos
revoltados e não há bom senso que nos faça calar perante o conhecimento da
lista de devedores à Caixa Geral de Depósitos.
Eu
sei que as grandes empresas só movimentam milhões, mas também sei que quando se
pede tostões a um banco eles só emprestam com garantias que ultrapassam em
muito o que se lhe pede. No caso da Caixa são muitos milhões que não precisaram
de garantias. E onde fica a responsabilidade do Banco de Portugal? Há uma
cumplicidade sistémica onde o silêncio de uns alimenta o silêncio de outros.
O
que incomoda é que sejam sempre os mesmos a calarem-se, e a serem tolerante; que haja uma cultura de impunidade que permeia os incumpridores crónicos.
Fazem-nos acreditar que são geniais, bons gestores, defensores da coisa pública e
merecedores de recompensas. Este é o exemplo que deve indignar os que não temem
dizer as verdades.
Se
há Justiça em Portugal, se somos uma República, se queremos combater a
irresponsabilidade e o crime organizado tem que haver responsabilidade. Agora
percebemos melhor por que razão Portugal bateu no fundo e todos pagamos para
alimentar estes parasitas crónicos.
António Vilhena
Sem comentários:
Enviar um comentário