Os
que mandam neste país não andam de comboio, e quando vão ao Alentejo levam
carro. Mas, infelizmente, ainda há quem precise de usar o comboio. Diga-se que
é uma opção inteligente. Quem vai para Beja não sabe se chega e quando chega.
Ao longo do tempo o serviço degradou-se tanto que o melhor é não ter
expectativas. Os sucessivos governantes têm relegado o Baixo Alentejo para uma
periferia degradante.
Quem
governa as autarquias, e muitas são governadas por socialistas, têm um certo
pudor em confrontar o governo – percebe-se mas não se justifica. O governo
anuncia um novo aeroporto nas barbas do Lisboa e com vista para o de Beja;
anuncia o maior terminal de comboios para o norte; anuncia a ampliação do Metro
de Lisboa; anuncia, anuncia, mas o Alentejo espera e desespera.
Apetece
perguntar se a cumplicidade silenciosa dos autarcas do Baixo Alentejo justifica
tanta parcimónia com quem não retribui. Os alentejanos são um povo ordeiro,
mas, quem conhece a sua história, sabe, também, que o balão não enche eternamente.
É
tempo da diáspora alentejana erguer a voz contra a cidadania de segunda a que
os sucessivos governos condenaram os que vivem para além do Tejo.
António Vilhena
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