quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A misoginia seletiva do escritor Yann Moix.


Adoro mulheres de todas as idades, há nelas a mão divina que acertou o traço pelos olhos do poeta, deu-lhes a geometria do corpo e da alma, fez delas a música que embala o desejo e cultiva a paixão.

Vem isto a propósito do escritor francês Yann Moix (50 anos) que declarou, à revista Marie Claire, que as mulheres, depois dos cinquenta anos, são velhas para serem amadas. Este escritor francês, premiado, traduzido, com uma história de vida nada fácil – como ele refere -, assume que “não precisa de responder ao tribunal do gosto”.

Podia discorrer sobre alguns traços de personalidade, mas não seria justo nem intelectualmente honesto. O homem que, também é escritor, tem toda a legitimidade de ir para a cama com quem quiser. Cada um vê nos seus fantasmas a misoginia seletiva que explica muitas das suas opções. Um escritor tem, também, uma responsabilidade social que não deve esquecer em qualquer circunstância. E Yann Moix esqueceu essa responsabilidade. A sua infeliz afirmação tornou-o, infelizmente, mais conhecido do que desejaria.

Mas ficamos a saber pelo próprio Yann Moix, a propósito do seu livro Naissance (2013),  que "A vida de Yann Moix contada por Yann Moix é insuportável de se ler. Uma escrita ilegível que conta uma vida inabitável, isso é demais para mim. A vida é curta demais para ler a longa vida de alguém como Moix."


António Vilhena

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