Todos aceitamos dançar com a
ilusão, pelo menos uma vez na vida somos levados pela mão invisível e dolente
que nos conta a narrativa do lobo bom. É tão fácil acreditarmos nas coisas
boas, desde pequenos somos educados para a generosidade e o altruísmo. Por
isso, as palavras doces como água em dias quentes, percorrem os lugares sem
maldade que permanecem dentro de nós. Fechamos os olhos, como se a nossa mãe
nos embalasse e entregamo-nos ao perfume da voz que seduz.
Mais tarde ou mais cedo, a
madrugada anuncia, ao som do chocalhar dos rebanhos, o adormecer das estrelas
cansadas, vindas do frio celeste, onde os poetas caçam as rimas. Quando os cães
acompanham os lobos e os rios vencem o silêncio, regressam as aves onde a vida
tem pressa. Cada regresso é uma Tróia incendiada, um lugar de mesura e de
esperança.
António Vilhena
Sem comentários:
Enviar um comentário