Quando
se abrem as portas que o medo ocultou, o horizonte fica mais respirável. Mesmo
que o ano velho seja uma abstração, a verdade é que a fragmentação artificial
do tempo abre sempre novos apetites para abrir as asas. Há quem veja na
passagem de ano apenas a sucessão de um dia, neste caso, eu vejo o início de
uma década.
Pensar
a dez anos a existência, pode não ser muito confortável, mas dá-nos a
possibilidade de esticar o otimismo e de acertar o passo com as promessas
adiáveis. Se no trabalho isso funciona, no amor o assunto é mais sério. Não
deixe que a sua paixão lhe fuja na esquina. O melhor é viver a década de mãos
dadas.
António Vilhena