Quando
nasci para a política, no Alentejo profundo, já existiam siglas e partidos que enchiam todas as ruas da cidade de Beja. Misturavam-se as foices, martelos e
estrelas. O vermelho era a cor dominante. Os maiores ativistas do liceu eram do
MRPP, falavam bem, tinham ideias, mobilizavam, eram eloquentes e pareciam ter
cultura política. Eram arrasadores, ninguém ousava fazer-lhes peito ideológico.
Vestiam bem, era meninos com berço, as roupas era quase sempre de marca e
alguns tinha popó.
Defendiam a greve permanente às aulas contra o fascismo –
diziam, embora já estivéssemos em 1975. O alvo era o fascismo e o
social-fascismo, ou melhor o PCP. Aos poucos esses betinhos migraram para a
direita, assumiram-se como defensores do PSD e do CDS, juntaram-se aos que
defendiam os velhos privilégios através da terra, do grande latifúndio. Hoje
morreu o seu líder, Arnaldo de Matos, o mais coerente de todos os que gritavam
abaixo isto e aquilo, Deus e o Diabo. Paz a um homem que foi considerado o
grande educador, embora sem discípulos.
António Vilhena
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