Não sei se sentem o mesmo que eu, mas há uma atmosfera poluída que teima assemelhar-se aos tempos do antigamente, onde qualquer sombra era suficiente para denunciar a mosca que persiste no voo. Há uma transumância de fação que nos quer encurralar, escolhe-nos as palavras, as frases que entendem que devemos usar, porque nos querem impor a sua visão das igualdades. E a moda está a pegar como se isso fosse uma receita divina, a voz absoluta do Areópago.
Os defensores oficiosos das "denúncias" sem julgamento são os mesmo que afunilam a democracia, mesmo que digam o contrário, mesmo que façam manifestações e pintem os rostos. Nunca precisei de certos movimentos para defender as igualdades, nem de certos "ismos", para denunciar os que se escondem no aburguesamento da família para serem de esquerda. Respira-se um certo medo de dizer algumas coisas, com as palavras vernáculas, com o português dos avós, porque os meninos e as meninas com sotaque se ofendem.
Apetece-lhes servir um Mário Viegas ao pequeno-almoço, ou um José Vilhena. A hipocrisia cresce na meta-linguagem de certos interesses puristas, de certos grupos e lobbies que descobriram que defender os grilos pode ser um bom negócio. Os que lutaram contra o racismo, contra as ditaduras, os que lutam pela dignidade humana sem pensarem no género, os que defendem a liberdade de expressão, este fio condutor da dignidade humana merece-me toda a admiração. Vivemos tempos de fobias. O Papa Francisco é uma grande inspiração quando tudo parece reduzido a ser tudo ao mesmo tempo.
António Vilhena
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